A ideia do trabalho surgiu dentro da disciplina de Produção de Projetos Fotográficos Especiais. Foi uma construção coletiva do projeto disciplinar a qual durou em todos os encontros semanais. Com a participação do professor e psicanalista da Universidade Positivo Rejinaldo José Chiaradia, com a palestra sobre fotografia documental do fotógrafo Osvaldo Santos Lima e um bate-papo inspirador com a renomada artista fotógrafa Jacqueline Hoofendy, o processo de produção e execução dessa exposição foi uma experiência ímpar. Durante o processo de preparação e captação das imagens, sob orientação do professor Emmanuel Alencar Furtado, os alunos foram se conhecendo cada vez mais, descobrindo seus afetos e suas angústias. A cada encontro, um fotógrafo apresentava a sua caminhada dentro do tema, o que proporcionou encontros emocionantes e verdadeiros. Com a proposta de ser um projeto autoral, os alunos deveriam retratar a angústia, tendo como contexto o isolamento social que estamos vivendo por conta da pandemia do Covid19.
No processo de produção dessa exposição, foram adotadas as seguintes diretrizes:
Durante todo o processo de criação, os alunos descobriram ou refinaram seus processos criativos. Nos encontros, ouviam contribuições de todos os presentes e isso agregou muito valor ao trabalho final. Vivenciar todo esse caminho proporcionou a união e o engajamento dos fotógrafos para o resultado final.
Além do conhecimento acadêmico, fotografar nesse momento de isolamento social, tendo a angústia como pano de fundo, foi intenso e emocionante. Estudaram o tema e o relacionaram com o contexto que estamos vivendo no mundo. Ampliaram a visão e entenderam a importância de se respeitar os afetos de cada um, em especial os seus próprios.
Após todo esse processo, cada aluno escolheu três imagens para apresentar.
Serviço
Exposição on-line: Behance
Período: exposição permanente
Escutamos que a angústia é um dos males do século. E, será que realmente é? Por que somos tão afetados por esses tais males e pânicos? Jacques Lacan, psicanalista francês, afirma que a angústia é o único afeto que não mente. Mas, o que é essa angústia que tanto nos afeta e vem sendo estudada? Como ela é para cada um de nós? Qual é sua importância? E, é assim que a fotografia autoral se apresenta nesse projeto – como a externalização da angústia de cada um dos(as) artistas. A exposição “De angústia em angústia” fala sobre esse sentimento pelas lentes de 8 fotógrafos e fotógrafas. Cada um com sua visão sobre o tema, principalmente nesse momento. Só foi possível criar essa narrativa, que fala de um todo preservando as características individuais, com a participação dos(as) artistas: Emmanuel Furtado, Gabriel Vasco, Kevin Agostinho, Luiz Arnaldo, Maju Tohme, Mariana Domingues, Olivia Yells e Victória Garrido.
A partir da fotografia, podemos gravar toda a loucura que ajuda a preencher nosso vazio de significados (para não nos esquecermos e nos perdemos). Quem sabe, até conseguiremos preencher a ausência, que pode transformar qualquer pacato em uma criatura angustiada. Às vezes, um adulto (aquele que passa o dia só trabalhando, sem ver o dia passar) pode se sentir uma criança de 4 anos de idade, com medo do “bicho papão” que se aproxima. Estamos afastados, mas queríamos estar juntos. Mas, a questão é: juntos de quem? Talvez, deveríamos estar acompanhados de nós mesmos. Nem tão junto – cuidado para não acreditar em tudo que sua cabeça te diz! Tem vezes que dói muito, as lágrimas não param e, tem vezes que não sentimos nada. E como botar isso tudo (ou nada) para fora? Pela fotografia. De angústia em angústia, vamos buscando uma posição de nossa existência.